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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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No barulho onde todos esses pensamentos se escondem, escuto a flauta da mutante, os cavalos passam correndo, a coruja vem com seu piado, pousa em meu teto, belisca a testa, e segue seu vôo, entendo o mistério da sua aparição, em noites que danço vestida com o traje de flor noturna, aparecem os elfos, as ninfas, o verde grilo cantante, tocando os gestos representados naquele instante, me embala em suspiros...
A mutante vê o reflexo no espelho em que me olho, continua a tocar, só pra me ver dançar, e diz, o barulho vira a melhor música que você mesma compõe, e você sou eu, e eu sou você, os cavalos carregam pra onde direcionar a rédea, e se a sabedoria que atravessa a escuridão da ignorância te beliscar olhe pra cima, vigilância, tua flor se abre e exala o perfume único, atrai os seres encantados, clareando o espaço.
Bate em minha porta uma senhora, cabelos no corte, curto, grisalhos com vermelho, vestido azul de seda, aquela criança no colo, o mesmo menino do sonho, com cheiro fofo e conhecido, me sorrindo assim à senhora, coloca no chão o garoto e circula na sala, os dois, com o movimento de guardiões, vê a lâmpada no teto, e lembra do moço barbudo que naquela noite, não me deixou ser pega pelo estranho curto-circuito da gambiarra, até hoje não sei quem seria aquele rapaz, me lembrou o pavão, com sua grande beleza aberta a me proteger, comandante da luz, alto, vibrante, por sinal, ele parecia está ali também, não só ele, todos os que estavam no sonho, traziam ali a lembrança, me era estranho receber todos eles assim, mesmo no rastro de apenas dois presentes, corri, acendi um incenso, sinalizei, insistir, queria no fundo ter em visão todos aqueles personagens bem na minha frente, revelando aquele barulho, borbulho causado o ano inteiro seguindo.
Parei, inclinei o corpo, abri os braços e novamente o detalhe que mais surpreendeu a consciência ainda lúcida, e seria ela existindo assim, revelações esotéricas dessa caminhada.

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